terça-feira, 11 de novembro de 2025

Carta sem endereço

Escrevi em linhas abertas o meu sentimento. Mostrei em palavras o amor que sinto. Escolhi um papel delicado, adornado com borboletas – símbolo de despertar, de alma e de espírito. Minhas mãos tremiam enquanto eu derramava sobre a folha todo meu afeto, meu carinho, minhas intenções.

 

A carta ficou pronta.

O problema é o endereço.

Não sei onde ele mora.

 

Talvez more nas lacunas escondidas do tempo, em algum canto perdido entre o momento e espera. Talvez viva dentro do meu peito, oculto nas entrelinhas do que ainda não foi dito.

 

Dobrei o papel com cuidado, coloquei-o em um envelope e guardei. Quem sabe, um dia, ele entre em contato – e eu possa entregar pessoalmente. Cartas assim, sem data, podem esperar em uma gaveta. E, se não chegar ao destinatário, ao menos aliviam o peso da alma que ama silenciosamente.

 

Rita Padoin

Escritora 

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Refúgio nas Linhas

Eu poderia me declarar, mas o medo de ser rejeitada me faz recuar. Não nasci para o desprezo – nasci para ser aceita, amada e adorada. São as minhas exigências como mulher. Trago em mim a convicção de que a mulher nasceu para ser amada, admirada e idolatrada. É a minha essência: romântica, inteira e sonhadora. Prefiro recolher-me em mim mesma do que receber um “não” ou um “talvez” sem coragem. Há dentro de mim um lugar sagrado, reservado ao amor e o amor, quando chega, precisa ser inteiro.

 

Eu poderia ligar, mandar mensagens, áudios – qualquer outra coisa revelando o que sinto. Poderia fazer surpresas, enviar músicas que tocam meu coração e minha alma, músicas que talvez tocassem a dele também. Eu poderia escrever uma carta manuscrita. Cartas a próprio punho são tão românticas –revelam a presença íntima de quem escreve, o perfume do papel, o calor das mãos que desenharam palavras amorosas. É como se o coração encontrasse refúgio nas linhas.

 

Há tantas formas de se declarar. No amor são infinitas as possiblidades. Eu saberia como fazê-lo, mas e se...e se desse errado? E se ele apenas achasse graça da minha declaração? E se não entendesse minha intenção? E se não sentisse o mesmo que eu? Esses “e se” ficam pipocando na minha cabeça e não me deixam seguir adiante. Deixam-me em polvorosa, só de imaginar-me tentando me declarar – e recebendo um “não” como resposta.

 

Preciso tratar esse meu ferimento interno. Cuidar da autoestima que, talvez, ande em baixa. Não sei responder às perguntas que me faço diariamente sobre esse medo da rejeição. Já pensei, repensei, tentei encarar o que pode ter acontecido num passado não tão distante. Tentei relembrar fatos que me deixaram assim, mas nada vem à mente. Talvez, eu precise reorganizar meu mundo interno, entender que é coisa da minha cabeça, que esse medo não existe de verdade. Talvez essa rejeição que sinto seja apenas fruto da minha imaginação. Talvez seja só isto. Talvez.  

 

Talvez eu escreva uma carta ou mande uma mensagem me declarando. Amar é se arriscar. É colocar o coração na beira do precipício. E se ele dizer não, aceitarei, pois terei dito o que sinto – e isso, por si só, já é uma forma de liberdade.

 

Rita Padoin

Escritora

domingo, 2 de novembro de 2025

O Amor

Um, dois, três toques.

Levantei-me para atender.

Quem bate na minha porta tão cedo!

Abri-a imaginando ser alguém conhecido

Para minha surpresa,

Era o amor, sorridente e confiante

Quando me deparei com ele, recuei.

Tentei fechar a porta

Mas, o amor me confrontou.

Sua força foi muito maior que

A minha vontade de o afastar

Cansada de lutar, deixei a porta escancarada.

O amor entrou, me abraçou forte

E com aquela voz gentil me falou:

- Eu sou a base de tudo. Sem mim não és ninguém.

O amor é o alicerce de toda a construção

Tanto do mundo, quanto do ser humano.

Aquelas palavras me calaram

E como uma flecha certeira

Entendi que esse amor é diferente daquele

Que eu imaginava.

Esse amor é o da construção do mundo e do Ser humano.

 

Rita Padoin

domingo, 26 de outubro de 2025

Cada Abraço

Dizem que o amor dói fundo

Aperta e caleja sem que entendemos

Meus momentos foram eternos

E cada passo ou cada abraço ficou guardado

Momentos são assim, eternos

Ficam na lembrança. Não morrem.

Apenas, adormecem.


Rita Padoin

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Mundo de Possibilidades

Quando tiro minha roupagem e estabeleço

Um mundo de possibilidades para desbravar

Sinto o peso do tempo nas costas

É um fardo que me instrui para seguir

Com a convicção de que nada mais será igual

Tudo virá ao nosso encontro mais uma vez

E outra e mais outra, até entendermos

Meu corpo está febril e minha alma gelada

Quero aquecê-la com meu corpo quente

Abraço-me fortemente tentando descongelar

Aquela que um dia me impulsionou a tentar entender

E hoje, vejo nitidamente o que ontem estava turvo.

 

Rita Padoin




domingo, 12 de outubro de 2025

A Arte de Recomeçar

Dizem que, quando entramos em um mundo desconhecido e lá encontramos algo que permanece vivo dentro de nós, é porque o que vivemos ainda não acabou. Há ainda sentimento, há algo a ser desbravado. E nesses encontros que a vida insiste em nos apresentar, ficam peças para se encaixar, momentos a viver, reviver e encarar. Ficam histórias para contar, e esperamos ansiosamente o momento de terminar o quebra-cabeça – para, então, recomeçar um novo.


Vivemos em constantes mudanças: de humor, de comportamento, de atitude, de rotina, de aparência, de emoção. Há aquelas em que mudamos de casa ou de cidade. A de casa, basta chamar uma empresa especializada. A de cidade, comprarmos uma passagem e seguimos em frente. E quando decidimos mudar os móveis de lugar? Ah, essa é a mais fácil! Basta arrastá-los e, de repente tudo muda. O ar fica leve, o ambiente mais aconchegante. Percebemos que um simples gesto pode transformar o que parecia igual.


Existem também as mudanças climáticas e ambientais – essas, difíceis de encarar, pois não temos domínio sobre elas. E quanto as mudanças culturais e sociais? As de costume, de valores, de mentalidade, de paradigmas? Essas, depende de nós. A vida, generosa, vive estendendo um tapete vermelho para que caminhemos sobre ele e entremos nesse grande evento simbólico que é a mudança – um ato de prestígio e celebração. Mesmo com medo, acabamos encarando o tapete. Mudanças são assim: inesperadas, desafiadoras, às vezes doloridas, mas essenciais para que as boas novas entrem em nossa vida. Para isso, é preciso caminhar confiantes o tapete vermelho, de cabeça erguida, com coragem para enfrentar o novo sem medo.


As mudanças existem para isto – para nos ensinar a seguir em frente, sem saber o que vamos encontrar. O segredo é não temer. É viver plenamente tudo o que nos foi destinado – seja na vida profissional, seja no amor – com a atitude de quem entende que mudar também é uma forma de florescer. 


Rita Padoin

Escritora

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Dúvidas

Foste o peso exato das minhas decisões.

Nada mais fora igual. Tudo teve uma explicação.

Mesmo que sem nexo e sem entendimento

Entendi todo o processo, sem tirar e nem pôr

São os passos longos e os pensamentos curtos

Que envolveram aquele monte de perguntas sem respostas

Quantas interrogações eu vi. Todas no ar, voantes.

As respostas não vieram e nem as dúvidas consegui tirar

Nada. Nem um dedo em riste para me fazer calar

Ou um aceno de cabeça para eu saber para onde ir

Só o vazio de uma noite sem fim e as dúvidas.

 

Rita Padoin



quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Terras Desconhecidas

Precisei viajar para um lugar onde o ponto mais sensível da minha lucidez me encarasse. Entre as águas turbulentas e as serenas, as certezas e as incertezas se encontram de certa forma. É a sinergia que engloba o todo e não as partes. Entro em terras desconhecidas encaro o breu como um passo a alcançar a minha luz. Nas estradas íngremes caminho devagar com receio e nada encontro de concreto. Tenho meus momentos de paz e meus de guerra, mas minhas lutas são sempre intensas e apaziguadoras.

 

Rita Padoin

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Meus Silêncios

Faço dos meus silêncios, meus momentos. Lá, bem lá no centro de tudo, consigo me religar com aquele que me protege e me ampara. Lá, me concentro e faço minhas meditações. Assim, consigo me reerger e recomeçar de onde parei. Com a mente leve, consigo ter força suficiente para encarar o que vem pela frente. Cada segundo que o relógio avança é um segundo a mais. Um segundo apenas para desestruturar toda aquela sintonia se eu não estiver em equilíbrio.

Dentro dos meus silêncios faço minha morada. Reconecto-me e todas as minhas dúvidas são sanadas, uma a uma. Meus dias se tornam leves e minhas energias revigoradas. 

 

Rita Padoin

sábado, 13 de setembro de 2025

Sem medo de ser feliz

     Lamento, mas ter que me entregar sem uma garantia, seria o mesmo que estar vulnerável no meio de uma catástrofe e acabar sendo devorada ou morta. Desculpa-me, não estou à disposição para algo tão inusitado e inseguro. Procuro alguém que me queira por inteiro, sem ressalvas e sem medo de se entregar ou viver algo novo. São as minhas condições. Entregar-me sem saber onde vou me meter é algo que nunca esteve na minha lista de desejos. A não ser que a outra parte queira na mesma proporção. Ai sim, a entrega será total. Sem medo e sem delongas. Viver é assim, perigosamente atraente, porém sem ninguém sair machucado. Esta é a minha intenção. Entrega de corpo, alma e espírito.

          Portanto, ou entra com tudo ou nem se arrisca. Meios termos não combinam comigo. Sou uma mulher que vive sem medo e ser feliz e de se entregar quando há sentido. Quando há conexão. Vivo para o hoje. Geralmente, fico quietinha apenas observando ao meu redor e analisando todos os pormenores. Agora, quando eu sinto que o terreno é seguro, vou em frente sem olhar para trás. 

 

Rita Padoin

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Amor Adormecido

Vivi e morri muitas vezes

Cresci e me limitei outras.

Em cada segundo, suspirei

De emoção e de felicidade.

Tempos bons que não voltam

Mas, permanece dentro do peito

E na minha mente imaginativa

O jardim está morto, pois o inverno

Varreu para um canto e a primavera

Está quase batendo na minha porta

E as flores mortas hoje, florescerá amanhã

Como meu amor que hoje está adormecido.

 

Rita Padoin




segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Olhos Mar

Um dia, em pleno verão,

Encontrei um par de olhos

Que atravessaram minha alma.

Aqueles inesquecíveis olhos mar

Encontraram-se com os meus 

E naquele momento, tudo ficou nítido.

Não precisou de explicações

Ou de estudos para entender

O que estava escrito ali

Ninguém percebeu, apenas nós dois

E a noite como testemunha.

Não tinha nem uma brisa para reter o calor

Que emanava de nossos corpos.

Nem a lua como testemunha,

Apenas algumas estrelas naquele céu negro

E nós dois com a uma distância remota.

 

Rita Padoin

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Desejos Embalados

Tuas decisões estão a flor da pele

Teus desejos embalados por uma sacola

Medos e vontades aliados na mesma sintonia

Quantos desejos vão e vem!

Vê, ainda temos um caminho a seguir

Uma vida pela frente

O destino nos reservou esse enredo

Sê alguém com coragem

Vamos enfrentar esse medo juntos

Não adianta protelar

É o amor que nos chama.

 

Rita Padoin






segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Minhas Necessidades

Tenho tentado suprir minhas necessidades de uma forma que meus pensamentos se voltem para um lado que não tenha nenhum entrave. Tento entender os porquês e as razões de certas coisas virem repentinamente em forma de visão. São visões claras que deixam transparecer que os acontecimentos são verídicos. Que o outro lado da história também vive o momento. Também sente a mesma energia, a mesma conexão. Também estende a mão para se agarrar neste algo inesperado. Algo que não conseguimos entender, mas sabemos que está acontecendo.

 

Eu entendo algumas coisas. Outras ficam no ar. Eu sei que tentar entender todo esse processo, é o mesmo que querer pegar com as mãos, mas, sei que é algo intangível. Por assim ser, me deixa com aquela sensação de fracasso. Sei que não é fracasso, só que a sensação, é. Sendo assim, monto e desmonto o cenário. Crio imagens relacionadas para tentar encontrar uma razão. Tentar entender o que a vida está me dizendo ou tentando me dizer. Atenta aos sinais, procuro aceitar de forma amena tudo o que a vida coloca no meu caminho. Só o tempo fará com que eu entenda e aceite 100% tudo o que a vida traz no meu caminho.

 

Rita Padoin


 

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

As Estações

Ele se foi com o início do outono

E voltará na primavera.

As estações servem para isto

Para relembrar de que a vida é cíclica

Pois entre a vida e a morte

Há um intervalo que pulsa ferozmente

E neste intervalo estamos vivendo

Gestos e emoções

Saudades e ilusões

Entre as forças do além

E a nossa de viver intensamente

Equilibramos as nossas utopias. 

 

Rita Padoin






quarta-feira, 20 de agosto de 2025

A Voz interna

          Há dentro de mim uma voz que me chama sem cessar. Essa voz tem o poder de me tirar do eixo e me deixar fora de mim. Tento me conectar com ela e entender o que está acontecendo. Tento reorganizar minha vida. Tento interiorizar tudo que me atormenta. Tento eleger um guia para me ajudar a caminhar sem me perder no meio do caminho, tentar entender essa voz e negociar. Sentar em um lugar tranquilo e perguntar o que ela quer comigo.


Esta pressão é uma loucura. São tantas provocações. Tantas buscas para entender todo o processo. Sei que algo está confuso, mas é difícil olhar para dentro de mim. Quero ser alguém sem fantasmas. Ser alguém menos complexo. Ter o poder de comandar minha vida sem que essa voz interfira.


          As idas e vindas são um mistério. Todos os dias tem novidades. Tem algo que pressiona minha cabeça de uma maneira que penso que a morte chegou para me buscar. Quero muito entender esse emaranhado que mais parecem fios e mais fios, tipo aqueles que vemos nos postes de ruas. Olhamos, e não conseguimos entender como funcionam.


Todos os dias, antes de entrar em casa, eu deixo para trás tudo o que pesa. Tiro os calçados, as roupas e me banho de paz e harmonia. Depois do banho, visto roupas mais leves e com os pés descalços caminho pelo jardim. Observo os verdes vales naturais formado entre as montanhas e me delicio com tanta beleza. Ao me deparar com tudo isto, fico mais calma. Parece-me que a voz se vai ou cansou de mim. Só com a mente vazia que consigo me libertar e seguir em frente.


Quando me entrego de alma e espirito, limpo a mente e consigo fazer a voz se calar. Essa voz sai de dentro de mim e me sinto leve. Consigo enxergar além da carne. Consigo entender muitas coisas e caminhar pelos verdes vales apenas sentindo o aroma do fim de tarde.

 

Rita Padoin

Escritora

sábado, 16 de agosto de 2025

Tapiz Gracioso

Rumoreja entre os prados e alamedas

A aragem de um fim de tarde calmo

E sobre o tapiz gracioso, o luar se estende

Como um lençol que sacoleja sobre o vento.

 

Folhas preguiçosamente caem e flutuam

Durante a estação mais pálida do ano

Antes de se acomodarem no chão

Forrando o caminho como se fosse pintura.

 

A palma da mão segura um segredo

Com medo de a verdade ser revelada

E os negros olhos do além cravejam

Nos ambarados selvagens da cria.

 

Nas ruas desertas e frias de inverno

Correm disparados os ponteiros do relógio

Fazendo o tempo não entender seu papel

Nesta caminhada entre as horas, os dias e os anos.

 

E os olhares alheios não percebem

Que nada mais será a mesma coisa

Tudo é metaforicamente entendido

Como uma poética entre o agora e o fim.

 

Rita Padoin




quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Manifestações

        Tentei me conter várias vezes. Como eu tentei! Tentei não pensar. Como tentei! Tentei deixar para trás tudo o que me deixava ansiosa, mas não adiantou. Eu não consegui. Sempre foi mais forte do que eu. Sempre continuou ali, me cutucando, me perseguindo como se fosse um stalker. Vem, se aloja, me observa, me persegue e me deixa sem ação. Não consigo raciocinar com essas manifestações rondando minha mente. É algo que me consome por dentro e me corrói como se fosse um ácido a me devorar viva. Sei que são apenas aparições. Nada é real, tudo é ilusório, mas é como se fosse vivo. Fecho meus olhos e está ali, parado me olhando com aqueles olhos mar ou sorrindo e com aquele sorriso alvo.

É tão forte que consegue me deixar sem forças para lutar. Sem forças para seguir adiante. Sem forças para dizer alguma coisa. São braços invisíveis que me envolvem e me pressionam. É invisível, mas tem um poder incalculável. Sinto-me desfalecer entre esses braços fortes. Entre as horas e o calar da noite tudo vem mais nítido e mais forte. Nada é real eu sei, mas as sensações são. O corpo sente. A cabeça sente. A carne sente e tudo se aquece. Nada acontece real. Naqueles momentos, tudo se intensifica. Vai ficando tão nítido que me confunde. E essa confusão mental acaba me distraindo do real.

Só que ao me deparar com essas manifestações, vou entendendo as razões, os porquês e tendo a nítida impressão de que é mútuo. Estas aparições é a conexão. Uma ligação entre o que está acontecendo do lado de lá, refletindo no lado de cá. Com esta descoberta, me sinto mais leve, pois sei que não é meu. É o encontro de almas perdidas em algum momento e que voltarão a se encontrar logo. 

Rita Padoin

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Marcas Profundas

Queremos, porém não nos pertence de certa forma. Amamos, mas o tipo de amor que procuramos pode vir com certos empecilhos. Buscamos, só que esta busca pode nos trazer dificuldades. Tiramos nossas próprias conclusões diante dessas dificuldades e sofremos por algo que queremos e sabemos que nem sempre estará disponível. São as nossas vontades acima do que a vida dispõe.

 

E com o desejo de sentir novamente aquele toque, aquele olhar e aquela sensação de pertencimento, deixo a máscara cair e me visto de luar. São os olhos mar que me deixam como se o sol estivesse sempre entre as colinas tropicais e o céu no limite entre o agora e o que não sabemos.

 

Aquele toque sutil deixou marcas profundas e ainda sinto na pele o doce sabor do momento. E naquela noite calorosa, brilhou entre as luzes, a íris profunda e intensa. As cortinas balançaram com o rajar do vento que entrou pelas frestas da janela. Nossos olhos se encontraram no calor do momento e o silêncio disse tudo. Entre os lençóis, ficaram os segredos e aqueles olhos brilharam como o mar sob o sol.

 

Rita Padoin

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Amor x Liberdade

A vida é um breve tchau e um piscar de olhos. Ela está sempre me testando. E eu, em tremenda evolução. Sim. Todos os dias tropeço, caio, levanto e tento entender o porquê de todo esse processo. Evoluir é assim, um cair e um levantar constantemente. Muitas vezes, no caminho encontro pessoas que seguram meu braço e me encoraja a seguir em frente. Noutras, estou sozinha e com medo, mas nunca desisti de nada. Sempre enfrentei as dificuldades com garras.

E existem aquelas pessoas que já fazem parte do meu círculo de amizades. Essas também me amparam, me escutam e me protegem. Conheço pessoas quase que diariamente e as que já fazem parte da minha caminhada nem sempre as vejo. Passamos muitas vezes, dias, meses e até anos sem que nos encontramos, mas o amor que sentimos permanece vivo dentro de nós. Isto acontece porque é amor puro, amor eterno, amor de muitas vidas, amor espiritual. Tenho amizades de anos que nem sempre consigo encontrar, mas quando acontece, o encontro parece que foi ontem.

Assim, é com alguém que conhecemos e nos apaixonamos. Quando o amor é espiritual, ele é eterno. Ele perdura dentro de nós. Permanece embalado como uma pérola dentro da ostra

. A presença se torna irrelevante, porque o que sentimos está além, está nas entrelinhas do nosso coração. Está na alma de quem entende que o amor não é palpável, não é mensurável e nem pertencente a algum lugar ou pessoas. O amor é livre, leve, solto e inalcançável. Ele é apenas um sentimento que precisamos estar em profunda elevação para ter a capacidade de senti-lo, de amá-lo e criar vínculos profundos com os demais para entender. Se não elevarmos a nossa consciência, não teremos a capacidade de amar verdadeiramente.

E só estaremos prontos para viver um grande amor quando estivermos livres de todos os percalços. Deixando o caminho leve e iluminado para que possamos seguir em frente sem nenhuma bagagem. Porque o amor nada mais é do que a liberdade. I

 

Rita Padoin

 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Portas para o Infinito

Uma passagem e um caminho sem volta.

Momentos reflexivos e tempos de mudança.

São tantas portas!  

Não sabemos em qual bater.

Dúvidas, pontos de interrogações, indecisões

E ansiedades no limite.

Cada porta um mistério

E um caminho diferente a seguir

São as portas para o infinito mundo

Das incógnitas e dos ocultos

Que só vamos descobrir entrando

E se arriscando a seguir sem medo.

 

Rita Padoin

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Corda Bamba

A vida me sacode como se eu fosse galhos de árvores silvestres. E na intenção de amparar minhas ilusórias e tempestivas ameaças, tudo fica sem uma conotação certa. Os acontecimentos atuais não condizem com meus pensamentos. Não condizem com a minha vontade. Não condizem com os meus sonhos. Tudo está um mar de emoções. Uma revolução. E o cordão que parecia consistente, parece que está se rompendo. Por mais que minhas mãos tentam segurar, meus braços lamentam a dor causada pelo esforço.

 

Eu só quero me libertar destas absurdas ameaças que o tempo deixou escapar. Sei que a cada momento é uma conquista. Um acontecimento. Um aprendizado. Sei também que viver é estar na corda bamba diariamente. Só que ficar sempre me equilibrando, o corpo cansa porque o espírito não está muito preparado para esses eventos. Eu só preciso me libertar para conseguir estar naquele patamar em que o corpo padece, mas o espirito flutua.

 

Rita Padoin

domingo, 13 de julho de 2025

Conexões

Durmo e acordo com você em meus pensamentos. Será que isto é normal? Faço essa pergunta diariamente. E a resposta vem silenciosa: É claro que é normal. Conexões são assim. Almas se comunicam e se entendem. Por isto, os pensamentos estão sempre alimentados de imagens com pessoas que se comunicam conosco.

 

Rita Padoin

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Talvez

Talvez o olhar! Talvez.

Talvez o toque! Talvez.

Talvez o abraço! Talvez.

Destes talvezes, uma certeza.

 

E neste emaranhado de dúvidas, nasceu o encontro.

Desse encontro, um outro e quase outro, e no intervalo,

A infelicidade daquele compromisso inesperado

Deixando para trás o sonho de ter, o querer.

 

Das palavras ditas e não ditas, o silêncio.

Um silêncio que grita dentro desse universo paralelo.

E a neblina destas ilusões dramáticas surge a certeza

Daquelas palavras que ficaram presas no ar.

 

Mas a palidez da face mostra a insegurança

E os olhos dizem as verdades sobre nós.

Um erro pode ser fatal e a certeza do que sentimos

Move qualquer barreira que tiver no caminho. 

 

Rita Padoin




quarta-feira, 2 de julho de 2025

Passos Apressados

Aqui dentro, uma revolução

E fora, a calmaria, a serenidade,

A leveza das aparições inesperadas

Dentro deste cenário apropriado.

 

No céu correm as aves aplumadas

Meus olhos ambarados,

Da cor da paleta outonal

Contempla o voejar migratório.

 

E nas tuas andanças moço vedado

Passas despercebido pelo chão varrido.

O vento impetuoso levou as marcas

Daqueles teus passos apressados.

 

Rita Padoin




quinta-feira, 26 de junho de 2025

Jornada

Sinto uma necessidade urgente de entender certos fardos. Fardos que me deixam desnorteadas e sem saber como reagir. Reflexiva na verdade, para entender o que foi determinado sem a minha autorização. Não autorizei nada e porque sou imposta e ter que aceitar? Concordo e discordo. Há controvérsia nesse processo. Com certeza não entenderam as minhas razões ou a minha opinião. Porque a vida nem se quer se deu ao trabalho de me consultar. Claro, ela não precisa da minha permissão e nem da minha opinião. Simplesmente ela é a vida e decide o que fazer e como fazer. Nós que não aceitamos e nem procuramos entender.

 

Pergunto: Por que eu teria que entender? Quais minhas chances de aceitar de cara o que foi determinado sem minha autorização? São perguntas que não deveriam ser feitas eu sei. Porém, eu quero fazer para poder entender e aceitar. Sem questionamentos tudo seria sem graça, sem sabor. Por enquanto vou ficar na dúvida. Talvez, com o tempo eu entenderei por completo. Entenderei a vida e os seus loucos mistérios. Por agora, está meio difícil. Com certeza o tempo será meu aliado e saberá esperar eu crescer e evoluir para poder sair ilesa dessa situação.

 

É o que temos para hoje. Entender, esperar e aceitar para seguir em frente sem ferimentos. Porque o tempo é um aliado perfeito e se soubermos entendê-lo, sairemos ilesos dessa jornada.

Rita Padoin




domingo, 22 de junho de 2025

Fases

Minha vida anda meio intrincada. São fases, eu sei. E essas fases muitas vezes levam dias ou meses para se desfazer e voltar ao seu curso normal. Enquanto isso, as horas passam, o tempo corre, a luta continua e o vento assovia cortando a minha melhor forma. São os atributos que a vida coloca no caminho e espera que eu consiga superar mais essa.

 

Com certeza superarei como sempre acontece. Todas as minhas lutas são vencidas e superadas e com gostinho de vitória. O sol desponta todas as manhãs mesmo que as nuvens o encobrem. Ele está sempre lá, firme e forte, superando todas as dificuldades e eu também. Acordo todas as manhãs com a impressão de que mais um dia será superado com maestria e sucesso e é.

 

São as nossas lutas diárias. Cada qual com um sabor diferente. Uma dor diferente. Uma vitória diferente. Assim, passam as horas, os dias e os anos, e eu mais forte do que nunca.

 

Rita Padoin 


quarta-feira, 18 de junho de 2025

Férias de mim

Às vezes eu preciso tirar férias. Aquelas férias de mim. Caminhar sem rumo e encontrar um lugar que me acolhe. Deitar a cabeça na grama e apreciar o sol ou as estrelas. Contemplar a lua. Sentir o vento chicotear a minha pele e me arrepiar de emoção. Pensar naquela pessoa que tanto habita meus pensamentos e tentar entender quais as razões e os porquês. Deliciar-me com a vida. Desligar-me de tudo e sentir apenas as batidas do coração. Aquelas batidas conhecidas e que tanto me escuta sem dizer nada. Sem reclamar ele nos abraça e diz que tudo ficará bem.

 

Quando tiro férias de mim, me comunico com o meu Eu e me restauro inteira. 

 

Rita Padoin