Escrevi em linhas abertas o meu sentimento. Mostrei em
palavras o amor que sinto. Escolhi um papel delicado, adornado com borboletas –
símbolo de despertar, de alma e de espírito. Minhas mãos tremiam enquanto eu
derramava sobre a folha todo meu afeto, meu carinho, minhas intenções.
A carta ficou pronta.
O problema é o endereço.
Não sei onde ele mora.
Talvez more nas lacunas escondidas do tempo, em
algum canto perdido entre o momento e espera. Talvez viva dentro do meu peito, oculto
nas entrelinhas do que ainda não foi dito.
Dobrei o papel com cuidado, coloquei-o em um
envelope e guardei. Quem sabe, um dia, ele entre em contato – e eu possa
entregar pessoalmente. Cartas assim, sem data, podem esperar em uma gaveta. E,
se não chegar ao destinatário, ao menos aliviam o peso da alma que ama
silenciosamente.
Rita Padoin
Escritora
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