Eu poderia me declarar, mas o medo de ser rejeitada
me faz recuar. Não nasci para o desprezo – nasci para ser aceita, amada e
adorada. São as minhas exigências como mulher. Trago em mim a convicção de que
a mulher nasceu para ser amada, admirada e idolatrada. É a minha essência:
romântica, inteira e sonhadora. Prefiro recolher-me em mim mesma do que receber
um “não” ou um “talvez” sem coragem. Há dentro de mim um lugar sagrado,
reservado ao amor e o amor, quando chega, precisa ser inteiro.
Eu poderia ligar, mandar mensagens, áudios – qualquer
outra coisa revelando o que sinto. Poderia fazer surpresas, enviar músicas que
tocam meu coração e minha alma, músicas que talvez tocassem a dele também. Eu
poderia escrever uma carta manuscrita. Cartas a próprio punho são tão
românticas –revelam a presença íntima de quem escreve, o perfume do papel, o
calor das mãos que desenharam palavras amorosas. É como se o coração
encontrasse refúgio nas linhas.
Há tantas formas de se declarar. No amor são
infinitas as possiblidades. Eu saberia como fazê-lo, mas e se...e se desse errado?
E se ele apenas achasse graça da minha declaração? E se não entendesse minha
intenção? E se não sentisse o mesmo que eu? Esses “e se” ficam pipocando na
minha cabeça e não me deixam seguir adiante. Deixam-me em polvorosa, só de
imaginar-me tentando me declarar – e recebendo um “não” como resposta.
Preciso tratar esse meu ferimento interno. Cuidar da
autoestima que, talvez, ande em baixa. Não sei responder às perguntas que me faço
diariamente sobre esse medo da rejeição. Já pensei, repensei, tentei encarar o
que pode ter acontecido num passado não tão distante. Tentei relembrar fatos que
me deixaram assim, mas nada vem à mente. Talvez, eu precise reorganizar meu
mundo interno, entender que é coisa da minha cabeça, que esse medo não existe
de verdade. Talvez essa rejeição que sinto seja apenas fruto da minha imaginação.
Talvez seja só isto. Talvez.
Talvez eu escreva uma carta ou mande uma mensagem me
declarando. Amar é se arriscar. É colocar o coração na beira do precipício. E
se ele dizer não, aceitarei, pois terei dito o que sinto – e isso, por si só,
já é uma forma de liberdade.
Rita Padoin
Escritora
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