Há
dentro de mim uma voz que me chama sem cessar. Essa voz tem o poder de me tirar
do eixo e me deixar fora de mim. Tento me conectar com ela e entender o que
está acontecendo. Tento reorganizar minha vida. Tento interiorizar tudo que me
atormenta. Tento eleger um guia para me ajudar a caminhar sem me perder no meio
do caminho, tentar entender essa voz e negociar. Sentar em um lugar tranquilo e
perguntar o que ela quer comigo.
Esta pressão é uma loucura. São
tantas provocações. Tantas buscas para entender todo o processo. Sei que algo
está confuso, mas é difícil olhar para dentro de mim. Quero ser alguém sem
fantasmas. Ser alguém menos complexo. Ter o poder de comandar minha vida sem
que essa voz interfira.
As
idas e vindas são um mistério. Todos os dias tem novidades. Tem algo que
pressiona minha cabeça de uma maneira que penso que a morte chegou para me
buscar. Quero muito entender esse emaranhado que mais parecem fios e mais fios,
tipo aqueles que vemos nos postes de ruas. Olhamos, e não conseguimos entender
como funcionam.
Todos os dias, antes de
entrar em casa, eu deixo para trás tudo o que pesa. Tiro os calçados, as roupas
e me banho de paz e harmonia. Depois do banho, visto roupas mais leves e com os
pés descalços caminho pelo jardim. Observo os verdes vales naturais formado
entre as montanhas e me delicio com tanta beleza. Ao me deparar com tudo isto,
fico mais calma. Parece-me que a voz se vai ou cansou de mim. Só com a mente
vazia que consigo me libertar e seguir em frente.
Quando me entrego de alma e
espirito, limpo a mente e consigo fazer a voz se calar. Essa voz sai de dentro
de mim e me sinto leve. Consigo enxergar além da carne. Consigo entender muitas
coisas e caminhar pelos verdes vales apenas sentindo o aroma do fim de tarde.
Rita Padoin
Escritora

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