terça-feira, 19 de dezembro de 2017

ELA

Ele disse a ela: 
Passei a ser dispensável para ti. Hoje, tua vida é outra. Te libertaste e agora estás livre. 
Verdade. Disto ele tem toda a razão. Ele foi indispensável por muito tempo e não percebeu. Ignorava-a. Agora ela mudou. Cresceu, evoluiu e quando ele percebeu, ela já tinha voado. Ela saiu da casca e despertou para o mundo e ele, ficou para trás.

Há muito tempo ela vivia dentro de um casulo, presa e sem perspectiva nenhuma. Aquele casulo estava apertado demais. Seu corpo doía muito. Lutou bravamente para a sua libertação e como uma linda borboleta, voou. Ele, sempre achou que a tivesse mantido sobre seu domínio. Mas, enganou-se e quando percebeu tinha perdido-a.  
Rita Padoin

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O REAL

O real engole o irreal imperceptivelmente. 
A vida é justa e achamos que não a entendemos.
O tempo corre como se fosse um maratonista
E ninguém compreende que tudo é sintonia.

Vivenciamos a implacável luta dos injustiçados
E não o entendemos de forma adequada.
A guerra que interiormente nos afeta
Dilacera as experientes buscas da nossa sabedoria.

O que nos impede é o medo de seguir e buscar
Aquilo que temamos não dar certo.
A luta sempre será travada por aqueles que
Não tem a audácia de buscar o ideal sonhado.

Nada é real. Tudo é irreal e improvável
Até que provemos o contrário.
O que nos une é a busca e a luta pela nossa
Vontade de vencer a guerra que nunca existiu.
Rita Padoin



sábado, 14 de outubro de 2017

SENTIMENTOS

Gosto de falar dos meus sentimentos. Quando falo dos meus sentimentos, desnudo minhas intensões, rasgo o véu da minha timidez e me exponho completamente. Exponho meus segredos, minhas indecisões e minha intimidade, como se eu fosse me revirar do avesso. Falar deles me deixa completamente em fase de expansão. Revelo até a alma, que transmuta em ascensão.

Quando falo dos meus sentimentos, eles se revelam por si só como se fossem as noites e seus mistérios irrevelados. Quando falo deles, dispo até minha última intensão. Bebo até a última gota deste momento intencional. Meus sentimentos são como aves libertas. Eles voam, voam, voam pelos céus primaveris e aterrissam nas noites invernais. 

São flores, arco-íris e borboletas; perfumados, coloridos e leves. Também são ventos, tempestades e furacões. Dependendo da situação, deixam pedaços nostálgicos de momentos vividos. Assim são meus sentimentos, totalmente revelados...

Rita Padoin

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O VENTO

O vento leve
O vento breve
O vento devastador.
Cria
Avalia
Reconhece.
Sois nosso tempo
Nossa espera
Nossa indecisão.
O vento que traz
O vento que leva
O vento que ameniza.

Rita Padoin

terça-feira, 5 de setembro de 2017

MEDO

Se tenho medo? Sim. Muito medo. Medo de sentir o que estou sentindo. Medo de ir além do que estou habituada. Medo de tomar decisões que me tiram da zona de conforto e que poderão acabar me machucando. Medo do que a vida me reserva. Ridículo isso? Sim. Muito. Sei de tudo isto. Mas, as vezes parece que esqueço. Aí me perguntam: E como estás habituada? De que zona de conforto estás falando? Não saberia responder. Dentro de mim, eu sei o que estou sentindo, agora descrever, é muito difícil. São sentimentos internos, íntimos, secretos, misteriosos, que acabo cultivando e não tem como não sentir. E o medo, é um deles. Não o alimento e sinto a sua presença constantemente, bem naquele momento em que preciso tomar uma decisão, ele chega de mansinho e bate no meu ombro.
Aí penso: puxa vida, e agora? Ele está bem atrás de mim esperando uma reação. Faço o quê? Qual decisão devo tomar? Qual caminho devo seguir? O que está me esperando lá fora? Quanta interrogação, não é verdade? Pois é, a vida é assim, cheia de mistérios, dúvidas, indecisões e muitas interrogações. O que seria desta vida sem estes pormenores? Com certeza sem graça. E como seres humanos que somos, tenho certeza absoluta que estaríamos aqui reclamando que a vida é morna, insonsa, sem glamour nenhum. Por que isto? Por uma série de circunstâncias que criamos e nos adaptamos conforme a nossa necessidade.
E a vida se apresenta muito diferente daquilo que imaginamos. Acabamos percebendo que aquele cavalo branco, não existe. Aquele príncipe encantado, só nos livros de contos de fadas. Aqueles inúmeros sonhos que imaginávamos que iriamos encontrar logo ali, não o encontramos. Nos deparamos apenas com os tropeços e as lutas. Se quisermos alcançá-los, teremos que vencer aqueles obstáculos que nem imaginávamos que existiam. Pois é, não nos informaram que a vida seria assim. Cheia de bifurcações, tropeços e lutas. Que cair, faz parte. Os tropeços, necessários. As lutas, servirão para o nosso crescimento e a nossa evolução como seres humanos que somos.
Por isto que o medo se instala. Por não sabermos lidar com a situação. Por não sabermos que a vida é apenas um jogo e este jogo poderá se tornar perigoso demais se não soubermos entendê-lo. Que o medo é apenas ilusão. Um estado afetivo suscitado pela consciência e nos sentimos fracos perante ele por não sabermos decifrá-lo.

Com o tempo, tudo se resolve. Crescemos e vamos percebendo que tudo depende apenas de nós. O que sentimos é ilusão da nossa vontade e que com o tempo ela desaparece, ficando apenas o real.
Rita Padoin

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A MORTE

A morte estava passando e viu uma casa com a janela aberta,
Aproximou-se e as cortinas balançaram com o vento.
Observou com o olhar frio, um corpo caído e instável na cama.
Entrou, se sentou e disse ao doente:
Vim te buscar.
O moribundo olhou para a morte e disse:
Podes me levar, já estou pronto.
A morte percebeu que ele não tinha medo.
Levantou-se e se foi.
O moribundo estático, o chamou:
Volte.
Por que não queres me levar?
Por que não tens medo e estás preparado, disse-lhe a morte.
Tens algo a fazer por aqui ainda.
Virei te buscar daqui há algum tempo.
Abismado com a decisão da morte
O moribundo se levantou e viu que estava bem melhor.
Olhou ao seu redor e percebeu que ainda tinha coisas para fazer
Antes de partir.
Rita Padoin
 


domingo, 9 de julho de 2017

JANELAS ABERTAS

Ele tentou de todas as formas seduzi-la. Não poupou esforços para isto.  Suas palavras pareciam janelas abertas convidando para que o sol entrasse e se apoderasse do ambiente. Assim, ela o descrevia. Apesar das inconstâncias, dos danos e das loucuras, era apaziguador toda aquela situação. Seu coração sempre se abria para os momentos, mesmo os inconstantes. 

A primavera sempre viveu dentro dela. Seus olhos pareciam flores desabrochando e seu sorriso a brisa de verão. Sempre fora feliz e colorida. Não tinha tempo para os dissabores e as tristezas. Apenas vivia o momento como se ele fosse único.

Ele a desconcertava na maioria das vezes. Distorcia assuntos, brincava com seus sentimentos e ela ficava sem saber o que dizer. Ele a descrevia como o mistério, a vida em pleno êxtase e ela apenas sorria sem dizer uma única palavra. Talvez, ele a procurasse, por entender que a vida dela era apenas a leveza do tempo ou um temporal em pleno deserto. Ela não demonstrava seus segredos. Era uma mulher misteriosa e ele tentava entrar no seu mundo de qualquer forma. Sempre uma enxurrada de palavras sem nexo e sem um entendimento, mas as horas os acompanhavam sem ao menos dar um adeus.

Ela e ele tinham um pacto sem saber. As horas ultrapassavam os limites e o tempo navegava em águas revoltas. Era um momento que nenhum dos dois entendia, porém continuavam a guerra como um jogo prazeroso. Competiam com as palavras e jogavam como peças de um tabuleiro invisível. Marcavam um tempo que deveria ser vagaroso, mas acabava sendo breve, naquele momento.

Era madrugada quando o jogo iniciava e terminava no início da manhã, quando o sol entrava e batia na sua janela. Seus raios quase a cegavam. O aroma da manhã enchia seus pulmões de felicidade. As janelas abertas como ela o descrevia, preenchia o vazio que muitas vezes teimava em se alojar.

Assim, eram os dias que passavam juntos. Misteriosos, sagazes e muitas vezes tendenciosos. Ela seguia sua vida normalmente e ele também...
Rita Padoin

JANELA LATERAL

Observo da janela lateral, uma senhora de cabelos brancos.
Caminha a passos lentos e custosos pela idade ou pela dificuldade
Do tempo que se arrasta anos e anos a fio.
Seu vestido azul floral, é quase arrastado pelo vento invernal.
Olhar atento, segue firme, mesmo que o vento quisesse impedi-la.
Sobre a calçada, pequenos redemoinhos se agitam.
A velha senhora para de tempo em tempo, se segura na parede
E aguarda o vento se acalmar.
Através do vidro vi o tempo passar, o relógio correr, o sino bater e
A vida sendo arrastada mesmo que não queira.
Assim, é o cenário de um teatro vivo.

Rita Padoin 

domingo, 2 de julho de 2017

A SOLIDÃO

A solidão invadiu os meus aposentos trazida junto com a brisa do final de tarde. Ao adentrar as cortinas balançaram como se fossem o próprio vento. Elas flutuaram leves como a alma de um poeta.

Ah! Solidão, como és silenciosa! Parece a própria morte. Não dormes, apenas observas. Teu silêncio é tão escuro quanto o breu da noite. Encosta-te em cada pilar, sentas em cada cadeira, deitas em cada cama, delicias-te com todos os lugares que encontras.

Sem fazer nenhum barulho sussurras nos meus ouvidos deixando meu corpo com a sensação de frio intenso. Buscas em cada canto da casa um abrigo para tua morada. Entras e nem perguntas se podes ficar.

Sinto medo quando te aproximas sem minha permissão. Não consigo te tocar. Quero algo solúvel, algo que tenha firmeza.

- O que queres neste momento? Apenas companhia? Se for apenas isso, entra e fica, faremos companhia uma a outra.
Rita Padoin

quarta-feira, 7 de junho de 2017

SILÊNCIO MATINAL

No silêncio matinal, apenas a voz do invisível.
Do sabor do momento, ao degustar das incríveis intensões
Surge inesperadamente o crepitar do vento verariano,
As areias se levantam para observar os acontecimentos.

Uma garça mergulha entre as ondas revoltas
E some no meio da imensidão do mar.
O sol se esconde entre as densas nuvens brancas,
O ar matinal toca a pele, eriçando os pelos.

Ao longe uma jovem caminha entre as finas e brancas
Areias praianas. Caminha solitário e pensativo um senhor.
Cabisbaixo, não observa o movimento das garças,
Em revoada se perdem entre o céu limpo de janeiro. 

Rita Padoin

sexta-feira, 26 de maio de 2017

PORQUE A ESPERA?

Porque a espera? Há uma barreira que precisa ser destruída.
Há entre o tempo e a decisão uma invisível linha imaginária.
Eu sei que é difícil. Sei também que há a distância.
Porém, tudo tem um propósito e muitas vezes não o entendemos.
Mas, é preciso entender, é preciso acreditar, é preciso destruir.

Hoje, revirando as gavetas encontrei rascunhos, lembranças, fotos,
Poemas rabiscos de um tempo que havia esquecido.
Encontrei uma parte de mim, que havia ficado lá trás.
De repente, veio à tona, como uma explosão de lembranças
E me levaram a um tempo longínquo e sem esperanças.

Olhe, vivemos e acreditamos em cada passo que damos.
É uma parte da nossa trajetória que precisa ser lembrada.
A espera muitas vezes é necessária, noutras é preciso agir.
É preciso dar o primeiro passo, a primeira investida.
É difícil? Mas, não impossível. Verás que era necessário.

Rita Padoin

domingo, 16 de abril de 2017

Viajar é uma forma de estar nas asas da imaginação. Rita Padoin 



sábado, 15 de abril de 2017

Vivemos correndo atrás do sucesso e esquecemos de que ele é a nossa própria sombra. Rita Padoin


quarta-feira, 12 de abril de 2017

CAI A NOITE

Cai a noite e sobre os ombros da saudade, chora a melancolia.
No horizonte, o sol timidamente se deita, os olhos do além
Observam os pequenos detalhes, que por alguma razão
Romperam o véu que cobriam o corpo do tempo.

Cai a noite e as vozes do além revelam segredos.
Meus olhos fixam um ponto e os sinais emitidos
Mostram um caminho longo a seguir.
O negror assusta e os pontos luminosos, acalmam.

Cai a noite e o corpo cansado descansa sobre os lençóis brancos.
Devagarzinho o que era assustador, se desfaz num sopro.
A madrugada ajeita as malas e com um breve aceno,

Se despede alegremente, deixando apenas o frescor do verão.

Rita Padoin

terça-feira, 11 de abril de 2017

A vida tem dois lados. O lado do bem e o do mau. Ambos se completam e se destroem. O que completa eleva e o que destroem mata. Rita Padoin

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

PESSOAS...

Pessoas, eu as tiro da minha vida, em questão de segundos, num piscar de olhos, num estalar de dedos, num súbito sacudir de ombros. Eu as tiro como quem tira o que lhe incomoda ou o que não lhe faz bem ou não lhe satisfaz. Tiro-as, rapidamente como um delirar espontâneo, uma brisa passageira ou um temporal de verão.

Pessoas, eu as deixo na minha vida, em questão de milésimo de segundo. Deixo-as quando valem apena. Quando demonstram gratidão, respeito e emoção. Eu as deixo quando o meu peito sorri, a alma agradece e o momento se torna inesquecível. Quando a sua chegada, é como o sol que aponta nos braços do horizonte. É quando o céu inteiro sorri, mesmo quando não há um astro se quer visível. É quando o mar deslisa na areia e beija os pés de quem passa por ele.

Tudo depende das circunstâncias, dos acasos, das limitações, das ilimitações, dos trajetos. Tudo depende de uma série de interferências ou não.

Pessoas, são dádivas. Por isto, preservo, cuido, aconchego, alimento, embalo, abraço, como se fossem um tesouro muito valioso. Portanto, ao se aproximar, olhe, observe, pense, analise, fique atento. Não iluda e nem deixe o descaso entrar. Seja simplesmente mágico, como a vida.


Recebemos da vida aquilo que somos, aquilo que damos, aquilo que preservamos e aquilo que nos importamos. Se quisermos receber, temos que dar, doar e se empenhar o melhor que podemos ser. A vida é um espelho, o seu reflexo é o que emitimos.
Rita Padoin


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A VIDA E O AMOR

Se a vida lhe der amor, retribua.
Vivemos na esperança de dias melhores
E sonhamos com a felicidade plena.
Quando doamos amor ou retribuímos,
A vida também doará e retribuirá.
O amor é e sempre será a mola propulsora
Que move o mundo. Somos feitos de amor.
Apenas não nos damos conta disto.
Será que seremos capazes de amar o suficiente?
Ou não temos o discernimento para entendê-lo?
O amor é humilde e simples.
Precisamos estar atentos ou ele passará por nós

Sem percebermos.

Rita Padoin