domingo, 2 de julho de 2017

A SOLIDÃO

A solidão invadiu os meus aposentos trazida junto com a brisa do final de tarde. Ao adentrar as cortinas balançaram como se fossem o próprio vento. Elas flutuaram leves como a alma de um poeta.

Ah! Solidão, como és silenciosa! Parece a própria morte. Não dormes, apenas observas. Teu silêncio é tão escuro quanto o breu da noite. Encosta-te em cada pilar, sentas em cada cadeira, deitas em cada cama, delicias-te com todos os lugares que encontras.

Sem fazer nenhum barulho sussurras nos meus ouvidos deixando meu corpo com a sensação de frio intenso. Buscas em cada canto da casa um abrigo para tua morada. Entras e nem perguntas se podes ficar.

Sinto medo quando te aproximas sem minha permissão. Não consigo te tocar. Quero algo solúvel, algo que tenha firmeza.

- O que queres neste momento? Apenas companhia? Se for apenas isso, entra e fica, faremos companhia uma a outra.
Rita Padoin

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