A solidão invadiu os meus
aposentos trazida junto com a brisa do final de tarde. Ao adentrar as cortinas
balançaram como se fossem o próprio vento. Elas flutuaram leves como a alma de
um poeta.
Ah! Solidão, como és silenciosa! Parece a própria morte. Não
dormes, apenas observas. Teu silêncio é tão escuro quanto o breu da noite.
Encosta-te em cada pilar, sentas em cada cadeira, deitas em cada cama,
delicias-te com todos os lugares que encontras.
Sem fazer nenhum barulho sussurras nos meus ouvidos deixando
meu corpo com a sensação de frio intenso. Buscas em cada canto da casa um
abrigo para tua morada. Entras e nem perguntas se podes ficar.
Sinto medo quando te aproximas sem minha permissão. Não
consigo te tocar. Quero algo solúvel, algo que tenha firmeza.
- O que queres neste
momento? Apenas companhia? Se for apenas isso, entra e fica, faremos companhia
uma a outra.
Rita Padoin
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