Pedi ao Universo um sinal. Apenas um sinal. Um só. Mesmo
que fosse fraquinho. Pequeno. Nebuloso. Um resquício de poeira. Seria apenas um
único sinal, mas o único emitido foi o silêncio. Um silêncio sepulcral. Como se
a morte tivesse passado e levado para o submundo todas as palavras. Foi tão
intenso e tão triste, que senti como se um raio tivesse atravessado o meu peito
e rasgado a minha única esperança. A única saída foi me encolher.
Abracei a saudade tão apertado, tão apertado, que
quase sufoquei-a. Caminhamos em direção ao nada e percebi a esperança me
esperando do outro lado da ponte. Atravessei-a calmamente sem tirar os olhos
dela. Ao nos encontrarmos, nos abraçamos e percebi que tínhamos muita coisa em
comum. Ela pegou na minha mão e seguimos caladas sem pretensão de chegar em
algum lugar. Queríamos sentir apenas o frescor do vento daquela manhã de fim de
verão.
Durante nossa caminhada silenciosa entendi que a esperança vem do substantivo “esperar”. Esperar o tempo certo. Esperar que as coisas se alinhem. Esperar que dará tudo certo. Esperar que a conexão se encaixe e se torne uma só. Esperar que a vida se encarregue de fazer acontecer no momento que tiver que acontecer.
Rita Padoin
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