Às vezes, sinto que mereço ter meu momento. Aquele
momento tão esperado de muitos e muitos anos. Ter as minhas horas e fazer delas
o que eu quiser. Ter minhas vontades e me desfrutar como se não houvesse amanhã.
Mas, sempre que me sinto livre e com este momento, algo me cutuca e sinto que
não o mereço ainda. Sinto que tenho algo a fazer ou pessoas precisando de mim e
eu estou ali naquele meu momento, desfrutando de algo que não é meu. Sinto que
não mereço aquele momento e que não chegou a hora de eu me sentir livre.
Concordo que temos uma missão. Concordo também que temos
que ajudar o próximo, mas deixar de lado a nossa vida, os nossos sonhos, as
nossas vontades, para ter que viver a vida de outros, acho um pouco de demais.
Não consigo entender certos fatos ou certos fardos. Procuro aceitar tudo que a
vida impõe. Procuro me desapegar de tudo, porque sei que nada é meu, mas largar
tudo?
A vida está sempre nos colocando à prova. Lembrando-nos
que não viemos para desfrutar e sim para aprender a lidar com os problemas e
aceitá-los. Seria muita pretensão de minha parte se eu questionasse os
desígnios a mim delegado? Queria pensar que não. Mas, questiono porque quero
entender certos fatos. Por que não 50%? Por que tem que ser os 100%? Por que?
Não sei responder e ninguém saberá me responder também.
Porém, sei que tenho apenas uma opção, que é
aceitar. Caso contrário, não sairei ilesa desta missão. Sendo assim, eu me
rendo. Rendo-me de lutar, de tentar entender algo que não está sobre minha
jurisdição. Rendo-me a vida e os seus mistérios. Rendo-me apenas...
Rita Padoin
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