Tenho tanto de mim para desaguar. Escorrer entre as paredes rochosas e desfalecer no oceano. E entre as grandes muralhas, tentar entender o mundo de uma outra forma. Há tanto para escoar! Tanto para tirar de dentro de mim! São meus pertences que não cabem mais. Ficou apertada minha morada. E para que tudo fique em perfeita harmonia, preciso esvaziar o que acaba interferindo no meu equilíbrio.
Esvaziei gavetas. Encaixotei coisas que estavam
apenas ocupando lugar. Eliminei fotos de pessoas e momentos que precisavam ser
esquecidos. Desfiz minhas malas que ainda estavam no canto do quarto desde o
tempo que me mudei. Coisas que eu nem usava mais, mas com pena de me desfazer, acabou
ficando guardadas. Separei livros para doar e deixei apenas aqueles de
cabeceira e que de uma forma ou de outra me faz crescer e evoluir. Limpei os armários
e organizei as louças. Deixei apenas o necessário para a minha sobrevivência.
Agora, só cabe aquilo que não pesa. Aquilo que
floresce. Aquilo que faz minha alma e meu espírito ficar em paz e livre de
impurezas. O tempo fará o restante da limpeza que ficou faltando. Só ele
consegue regar e recarregar as energias que deixará minha morada interna e
externa, iluminada e harmônica.
Rita Padoin
Escritora
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