sábado, 12 de abril de 2025

Minha Morada

Tenho tanto de mim para desaguar. Escorrer entre as paredes rochosas e desfalecer no oceano. E entre as grandes muralhas, tentar entender o mundo de uma outra forma. Há tanto para escoar! Tanto para tirar de dentro de mim! São meus pertences que não cabem mais. Ficou apertada minha morada. E para que tudo fique em perfeita harmonia, preciso esvaziar o que acaba interferindo no meu equilíbrio.

 

Esvaziei gavetas. Encaixotei coisas que estavam apenas ocupando lugar. Eliminei fotos de pessoas e momentos que precisavam ser esquecidos. Desfiz minhas malas que ainda estavam no canto do quarto desde o tempo que me mudei. Coisas que eu nem usava mais, mas com pena de me desfazer, acabou ficando guardadas. Separei livros para doar e deixei apenas aqueles de cabeceira e que de uma forma ou de outra me faz crescer e evoluir. Limpei os armários e organizei as louças. Deixei apenas o necessário para a minha sobrevivência.

 

Agora, só cabe aquilo que não pesa. Aquilo que floresce. Aquilo que faz minha alma e meu espírito ficar em paz e livre de impurezas. O tempo fará o restante da limpeza que ficou faltando. Só ele consegue regar e recarregar as energias que deixará minha morada interna e externa, iluminada e harmônica.  

 

Rita Padoin

Escritora

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