segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O Proibido

O que vem proibido, vem com aquela sensação de que não podemos nos aproximar ou desejar, pois, ele não nos pertence. Ele tem dono. E esta sensação de que não podemos ter, acaba deixando a ansiedade a flor da pele. Tudo o que é proibido parece ter um gosto mais doce. Uma busca sem precedentes. Aquela busca entre um hiato e outro. Entre um sorriso e outro. Entre as indecisões e as verdades. As virtudes e os defeitos.

 

O proibido estará sempre escondido entre as colunas daquele castelo abandonado. Ou daquela construção antiga que ao adentrarmos nos perdemos por ser um labirinto sem fim. Ele se apresenta assim, com um emaranhado de confusão mental. Deixando um rastro de vontades e desejos.

 

Rita Padoin



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

O Verso | Paulo Ricardo feat. Rogério Flausino | Clipe Oficial

Tempestade de Emoções

Amanheci envolta por uma nevoa transparente como se fosse uma cortina de voil. Através dela vi um mundo lá fora cheio de possibilidades. Dentre minhas vontades, um abraço apertado. Uma voz interior. Um único e inesperado, sim. E minhas necessidades esbarraram com as indecisões.

 

Quando senti que estava no meio de um oceano de paixão, nadei para a beirada com medo de me afogar. Cada braçada, a sensação de não conseguir chegar. E quando consegui, senti um certo alivio. Mas, as lembranças estavam lá, paradas me olhando. E o sonho que eu sempre quis que se tornasse real, também.

 

Quando nossos olhos se encontraram, uma necessidade urgente de se fundir, aconteceu. Uma brisa suave me envolveu e logo se transformou em uma tempestade. Um turbilhão de emoções. Senti necessidades absurdas diante deste cenário que não entendo e que procuro focar no que acho correto.

 

Mas, as emoções falaram mais alto. Elas estão por todos os lados e o barulho é quase ensurdecedor. Por fim, encaro a realidade e sinto que meu peito pede uma chance. Uma única chance e eu decido que preciso dar.


Rita Padoin

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

o Reencontro

O inesperado acontece quase que diariamente. Não sei lidar com ele por razões desconhecidas. Ele está sempre vagando entre as inúmeras circunstâncias. Sou pega de surpresa, pois não me preparei para recebê-lo. Mas, me pergunto? Como me preparar para algo tão desconhecido e que sem aviso prévio, bate na minha porta?

 

Muitas vezes ele passa disfarçado de um olhar. Um olhar intenso. Forte. Felino. Penetra nas minhas entranhas e me deixa zonza. E esse olhar me parece tão familiar! Tão íntimo! Tão arrebatador! Tão meu! Só que não sei de onde o conheço. Mas, ele está ali, tão perto que sinto meu peito doer. Chega a ser angustiante. Daí vem a pergunta: O que é isto? De onde vem essa sensação e o que quer de mim? A resposta não vem. Tudo fica nas entrelinhas.

 

Noutras, vem através de um toque. Um toque sutil. Simples. Sem intensões. Com o tempo vou percebendo que aquele toque sutil teve um significado. Nesses mistérios da vida, a boa intensão ou o simples, leva um toque de “eu tinha certeza que isso ia acontecer” ou “são os sinais” ou “tua outra metade está te procurando” ou “presta atenção, é a vida te dando um oi”. Toda essa loucura deixa uma marca profunda desestruturando toda aquela boa-intensão.

 

Passo um tempo introspectiva, tentando decifrar o indecifrável e nada acontece. Só pode ser lembrança de um passado. Um reencontro de almas. Não lembro, porém ele está ali. Às vezes, vive em um outro País, ou em outro Estado, ou em outro Município. Muitas vezes, está tão perto que passo por ele e, bingo. A conexão acontece e é tão forte que dói e quase não consigo me segurar. As pernas fraquejam e o coração se agita. É o sinal do Universo dizendo que chegou o momento do reencontro.

 

E esse reencontro dá medo. Não sei o que me espera e nem o que virá com ele. Não sei lidar com a situação. Principalmente, quando não vem livre. Tento ignorar e levar a vida como sempre levei, mas ele vem forte e quase me derruba. Tento então formas de me fortalecer e não deixar que me prejudique espiritualmente. Porém, toda essa força e toda essa loucura continua lá, cutucando e dizendo que preciso enfrentar essa situação de frente. E com esse empurrão da vida, acabo enfrentando o inesperado e tentando resolver a tal situação.

 

Aí, faço mais uma pergunta: E se eu enfrentar e a situação não se resolver? Pelo menos tentei. Melhor falhar tentando, do que não tentar. Tenho certeza absoluta que ao tentar, terei as respostas que preciso.

 

Rita Padoin

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Sinal do Universo

Pedi ao Universo um sinal. Apenas um sinal. Um só. Mesmo que fosse fraquinho. Pequeno. Nebuloso. Um resquício de poeira. Seria apenas um único sinal, mas o único emitido foi o silêncio. Um silêncio sepulcral. Como se a morte tivesse passado e levado para o submundo todas as palavras. Foi tão intenso e tão triste, que senti como se um raio tivesse atravessado o meu peito e rasgado a minha única esperança. A única saída foi me encolher.  

 

Abracei a saudade tão apertado, tão apertado, que quase sufoquei-a. Caminhamos em direção ao nada e percebi a esperança me esperando do outro lado da ponte. Atravessei-a calmamente sem tirar os olhos dela. Ao nos encontrarmos, nos abraçamos e percebi que tínhamos muita coisa em comum. Ela pegou na minha mão e seguimos caladas sem pretensão de chegar em algum lugar. Queríamos sentir apenas o frescor do vento daquela manhã de fim de verão.

 

Durante nossa caminhada silenciosa entendi que a esperança vem do substantivo “esperar”. Esperar o tempo certo. Esperar que as coisas se alinhem. Esperar que dará tudo certo. Esperar que a conexão se encaixe e se torne uma só. Esperar que a vida se encarregue de fazer acontecer no momento que tiver que acontecer. 


Rita Padoin

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Mais um ano...

Hoje completo mais um ano de vida. Nesta estrada que percorri durante todos estes anos, fraquejei, caí, levantei, caí novamente e levantei sempre mais forte. Percebi que cair não era tão ruim assim. Cair era sinônimo de crescimento, de amadurecimento e de evolução. Foram tantas lutas. Tantos desencontros. Tantas loucuras.

 

Trilhei um caminho árduo, confesso. Cheio de dúvidas e indecisões. Não foi fácil. Pensei que caindo, eu nunca mais fosse levantar. Tive que crescer na marra. Lutar contra meus monstros internos. Foram dias e dias que pensei não sobreviver, mas estou aqui.

 

O tempo foi passando e entendi que a vida é cheia de mistérios e missões para se cumprir. Aí fui me equilibrando nesta corda bamba que a vida pôs no meu caminho para não cair.

 

Viver é assim, um cair e um levantar constantemente. 


Rita Padoin

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Tem Dias...

Tem dias que as lágrimas vêm sem ser convidada. A gente procura segurar, aperta os olhos tentando impedi-la, mas ela não obedece. Escorrem entre o malar e sentimos queimar como fogo. Lágrimas são o termômetro dos nossos momentos tristes ou alegres que brotam e desabrocham como uma flor.

 

Tem dias que a saudade chega de mansinho e o peito dói. Dói tanto que a gente pensa que vai morrer. Dá a impressão de que o coração está sendo esmagado com as nossas próprias mãos. O peito se encolhe abraçando todos os órgãos deixando aquela sensação angustiante.

 

Tem dias que estamos tão fracos, tão fracos, que não conseguimos nem levantar da cama. O corpo fica inerte e os pensamentos não conseguem se alinhar. A gente não sabe como proceder nestes casos. Tudo fica muito nebuloso.

 

Mas, tem aqueles dias que o peso estávamos sentindo se encarregou de ir embora sem ao menos se despedir. Nosso peito fica leve e os dias coloridos. Aí vamos percebendo que vivemos em conflito conosco desde o sempre. Dias bons. Dias ruins. Nascemos, crescemos, vamos ficando adultos e percebemos que precisamos lutar.

 

Que crescer é um emaranhado de lutas e só vamos ser felizes quando entendermos toda essa loucura.


Rita Padoin

Escritora



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Respeito x Conexão

Quando somos agraciados pelo dom do saber, o dom da cura, o dom da ajuda e o dom da sabedoria, temos que perceber e entender que tudo vem com um propósito e uma razão muito forte. Nada vem de graça. Por isto, é necessário cuidar de como tratamos as pessoas. Antes de mais nada, devemos nos conectar com ela e depois sim, vem o resto.

 

Esse tratamento vem com pré-requisitos. Um deles é o olhar. O olhar é essencial. Quando nos conectamos através dos olhos, sentimos o interior da pessoa que está na nossa frente e a pessoa deverá sentirá o mesmo. Sabe aquele proverbio: “Os olhos são as janelas da alma”. Esta metáfora poderosa está na bíblia e é encontrada dentro da literatura e da filosofia. Os olhos revelam as intenções.

 

Depois vem o carinho. Este, é uma manifestação delicada e demonstra zelo e cuidado. Só quem entende a importância dele, saberá dar e retribuir quando lhe é oferecido. Caso contrário, viverá a mercê das coisas mundanas e carnais.

 

Destes, nascem o amor. E o amor é essencial para a sobrevivência humana. Sem amor nada valerá a pena. O amor nasce do respeito, da convivência, da amizade, do carinho, daquele olhar sincero e da essência.

 

Gibran descreve o amor como algo espiritual (daquele amor elevado) que provoca a união entre os homens. Primeiro o homem tem que elevar a sua capacidade de amar para depois criar vínculos profundos com os demais. O homem que não eleva sua consciência, não tem capacidade de amar nem a si mesmo verdadeiramente.

 

A raiz de tudo isto está na vontade de crescer e evoluir. Na vontade de entender que seguindo o caminho correto, não ficaremos perdidos. Nem abatidos. Nem tristes. O cuidado para com quem estamos nos conectando, é essencial e deve ser mútuo. Sem conexão, não há complemento de emoção.

 

E ao adentrarmos nas entranhas e percorrermos esse caminho sem volta, com ele virá abundância e enriquecimento. Respostas para as nossas dúvidas e entendimento para estar com outras pessoas.


Rita Padoin

Escritora

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Camadas

Viver é um mar revolto. Uma revolução sem precedentes. Um caos presente. Quando a revolução que se instala é difícil interceptá-la. A vida fica exposta de uma forma que tenhamos consciência de que para viver, é necessário, coragem, força e luta. Viver é assim! Nos deixa vulnerável. É normal. Somos um misto de várias camadas. São muitas camadas. E estas camadas vão se alojando e se não estivermos atentos aos acontecimentos, ficaremos sem entender a vida e os seus ensinamentos.

Rita Padoin