O inesperado acontece quase que diariamente. Não sei
lidar com ele por razões desconhecidas. Ele está sempre vagando entre as
inúmeras circunstâncias. Sou pega de surpresa, pois não me preparei para
recebê-lo. Mas, me pergunto? Como me preparar para algo tão desconhecido e que
sem aviso prévio, bate na minha porta?
Muitas vezes ele passa disfarçado de um olhar. Um
olhar intenso. Forte. Felino. Penetra nas minhas entranhas e me deixa zonza. E
esse olhar me parece tão familiar! Tão íntimo! Tão arrebatador! Tão meu! Só que
não sei de onde o conheço. Mas, ele está ali, tão perto que sinto meu peito
doer. Chega a ser angustiante. Daí vem a pergunta: O que é isto? De onde vem essa
sensação e o que quer de mim? A resposta não vem. Tudo fica nas entrelinhas.
Noutras, vem através de um toque. Um toque sutil.
Simples. Sem intensões. Com o tempo vou percebendo que aquele toque sutil teve
um significado. Nesses mistérios da vida, a boa intensão ou o simples, leva um
toque de “eu tinha certeza que isso ia acontecer” ou “são os sinais” ou “tua
outra metade está te procurando” ou “presta atenção, é a vida te dando um oi”.
Toda essa loucura deixa uma marca profunda desestruturando toda aquela
boa-intensão.
Passo um tempo introspectiva, tentando decifrar o
indecifrável e nada acontece. Só pode ser lembrança de um passado. Um reencontro
de almas. Não lembro, porém ele está ali. Às vezes, vive em um outro País, ou
em outro Estado, ou em outro Município. Muitas vezes, está tão perto que passo
por ele e, bingo. A conexão acontece e é tão forte que dói e quase não consigo
me segurar. As pernas fraquejam e o coração se agita. É o sinal do Universo
dizendo que chegou o momento do reencontro.
E esse reencontro dá medo. Não sei o que me espera e
nem o que virá com ele. Não sei lidar com a situação. Principalmente, quando
não vem livre. Tento ignorar e levar a vida como sempre levei, mas ele vem
forte e quase me derruba. Tento então formas de me fortalecer e não deixar que
me prejudique espiritualmente. Porém, toda essa força e toda essa loucura
continua lá, cutucando e dizendo que preciso enfrentar essa situação de frente.
E com esse empurrão da vida, acabo enfrentando o inesperado e tentando resolver
a tal situação.
Aí, faço mais uma pergunta: E se eu enfrentar e a
situação não se resolver? Pelo menos tentei. Melhor falhar tentando, do que não
tentar. Tenho certeza absoluta que ao tentar, terei as respostas que preciso.
Rita Padoin