Cicatrizes

Foi rápido, indolor e inocente.

Mas, deixou cicatrizes

O momento se desfez

E as horas atônitas

Se deixaram levar pelas incertezas.

 

Foi apenas um toque e um olhar

Para que tudo desmoronasse

Como uma avalanche

Um pecado

Sem promessas.

 

Quando apareces,

O momento se torna eterno.

A paz se encosta na coluna do tempo

E fica apenas observando.

Quando desapareces, também.

 

É como se já habitasses dentro de mim

E nenhum muro conseguisse separar.

O sentimento é assim,  

Leve como o vento

É o encontro enfim...

 

Rita Padoin

O Olhar

Um olhar,

Intenso quanto o oceano

Em seu truculento momento.

Duas safiras fulgentes

Da cor do céu anilado.

 

E na busca, me perco

Em teu sorriso alvo

Da cor da alvura dos lírios

Dentro deste universo infindável

Nas vagas do mar. No assovio do vento.

 

Meus dedos tocam tua tez.

Um toque sutil,

Sem pretensão,

Sem intensão

E sem provocação.

 

Do toque,

Uma avalanche de emoções

Uma inesperada atração

Uma razão com emoção

Um sentimento desconhecido.

 

Rita Padoin

Interrogações e Sonhos

Dentro dos meus pensamentos há uma gaveta cheia de interrogações e de sonhos. Todos pairando no ar. Uma revolução de pensamentos. Todos bons, mas com muitas incertezas. É normal? Sim. Pensando desta forma, eu me permito entrar e sair deste portal interior sem me prejudicar. Procuro entender cada interrogação. Cada passo que dou. Cada sinal da vida. Meus passos são incertos, mas com a certeza de que vou encontrar no caminho as respostas.

 

Rita Padoin

Eu sou a mudança

Eu sou a mudança e ninguém poderá intervir naquilo que a vida já determinou. Jamais encontrarei um outro caminho que não seja aquele que me foi destinado. Jamais serei eu, sem ter experimentado as coisas boas e as ruins. Sou a mescla de tudo um pouco. Sou o tudo e o nada. Sou o espelho que reflete a minha nuance, mostrando quem sou realmente.

 

Dispo-me de tudo aquilo que me impede de seguir adiante. Minhas folhas caem no outono, mas vou me renovando com as flores primaveris. Sou dotada de esperas e de saberes. De lutas e de buscas. De amor e de compreensão. O tapete que acolhe meus passos hoje, acolherá outros de tempos em tempos. E nos intervalos entre as estações, ele estará estendido de várias formas e cores.

 

Durante essas mudanças, estarei lá, caminhando sobre o mesmo tapete, entre as folhas ou flores que cada estação deixou cair. Minha jornada será sempre repleta de algum acontecimento ou luta pela minha sobrevivência. É a mudança que acontece de tempos em tempos e que veremos em cada passo que damos que é de dentro para fora, emanando as boas energias e a luz.

 

Rita Padoin

Minha Morada

Tenho tanto de mim para desaguar. Escorrer entre as paredes rochosas e desfalecer no oceano. E entre as grandes muralhas, tentar entender o mundo de uma outra forma. Há tanto para escoar! Tanto para tirar de dentro de mim! São meus pertences que não cabem mais. Ficou apertada minha morada. E para que tudo fique em perfeita harmonia, preciso esvaziar o que acaba interferindo no meu equilíbrio.

 

Esvaziei gavetas. Encaixotei coisas que estavam apenas ocupando lugar. Eliminei fotos de pessoas e momentos que precisavam ser esquecidos. Desfiz minhas malas que ainda estavam no canto do quarto desde o tempo que me mudei. Coisas que eu nem usava mais, mas com pena de me desfazer, acabou ficando guardadas. Separei livros para doar e deixei apenas aqueles de cabeceira e que de uma forma ou de outra me faz crescer e evoluir. Limpei os armários e organizei as louças. Deixei apenas o necessário para a minha sobrevivência.

 

Agora, só cabe aquilo que não pesa. Aquilo que floresce. Aquilo que faz minha alma e meu espírito ficar em paz e livre de impurezas. O tempo fará o restante da limpeza que ficou faltando. Só ele consegue regar e recarregar as energias que deixará minha morada interna e externa, iluminada e harmônica.  

 

Rita Padoin

Escritora

O Silêncio

Quando o silêncio fala mais alto do que uma decisão que precisamos tomar, é porque está na hora de deixar na tumba do esquecimento aquilo que valorizávamos e que agora deixou de ser importante. Enterrar sem medo de errar. Isto se chama enaltecimento do tempo e de nós mesmos. É deselegante silenciar-se diante de um acontecimento que deveria ter sido e não foi. O silêncio me confunde e a desculpa quando não condiz com a postura, desmorona toda a estrutura.

 

Rita Padoin

Caminhos Poéticos

Existem aquelas pessoas que aparecem na minha vida apenas para me inspirar. A inspiração é tanta que jorram letras para todos os lados alagando o meu caminho. E neste trajeto, dançam as prosas poéticas, os poemas, os pensamentos e os verbos amorosos. São tantas inspirações que dou asas a minha imaginação e voo até onde minhas asas conseguem alcançar. Às vezes o voo é tão alto, tão alto que me sinto como se fosse um pássaro e nesta viagem, alcanço o mais alto grau da minha lucidez.

 

Quando conheço essas pessoas, num primeiro momento, acredito que elas vieram para um tipo de propósito e acabo colocando minhas energias nessa expectativa. Percebo, que com o tempo elas se foram, mas deixaram um legado poético. E esse legado mantém de pé a minha trajetória. Nesta caminhada entro em um túnel aparentemente fundo e escuro, mas que no fim, a passagem que parece estreita, vai se alargando e uma saída luminosa aparece. São os caminhos poéticos de alguém que se deixou levar por ele.

 

Rita Padoin

A Importância das Pessoas

É preciso estar ciente de que nem sempre aquelas pessoas que considerávamos importantes, continuarão sendo. Até porque de uma maneira ou outra elas acabarão nos decepcionando e nos frustrando. Não porque essas pessoas são ruins, não.  É porque as pessoas são diferentes umas das outras. Cada qual com suas próprias expectativas, pensamentos, loucuras e nós com as nossas. É o curso da vida. Nada nunca será igual. Tudo é um movimento constante. É metamorfose. É energia. É vibração.

 

O problema é que esperamos demais das pessoas e esta espera acaba sendo o reverso dos acontecimentos. Não aprendemos com a vida que o desapego e a aceitação são os tributos assertivos para uma boa convivência com as pessoas e principalmente conosco. A necessidade e a carência que temos de ter algo em nosso poder acaba escorrendo entre os dedos as nossas expectativas, sem que percebemos.

 

Precisamos compreender a importância das pessoas durante a nossa caminhada. Entender que elas não estão a nossa disposição. Elas são livres assim como nós. Se não compreendemos isto, está na hora de revermos os nossos conceitos. Pessoas são a base do nosso entender. Se não entendemos o porquê da nossa vinda, nada do que fizermos terá valor algum.

 

Rita Padoin

Valorize-se

Valorize-se. Rege tuas raízes para que cresçam fortes e floresçam. Nunca, jamais, em momento algum, deixe alguém te desvalorizar. Seja forte e sensível ao mesmo tempo, mas nunca a ponto de o outro te machucar. Deixe a brisa entrar e refrescar as tuas amarguras. Amaciar as tuas tristezas e te guiar para o caminho do coração. O sentimento é uma escolha que mora dentro da gente, mas temos que alimentá-lo com pitadas diárias de doçuras e de amor. Quando nos alimentamos com o frescor da natureza, trazemos para o nosso jardim um legado de harmonia e paz.

 

Há um rio desaguando e limpando as impurezas. Há um tempo para que tudo se encaixe perfeitamente. Há os momentos que deixam lembranças inesquecíveis. Há os resquícios daquele tempo que queremos esquecer, mas que aprendemos com eles. Há as loucuras que fizemos e que nos preencheu naquele momento. Há tanto para lembrar, relembrar e deixar guardado na nossa caixinha aquelas lembranças os momentos das nossas andanças.

 

Viver é assim, cada dia uma surpresa, um acontecimento bom ou não, mas que deixam cicatrizes para nos lembrar de que somos humanos. Viver requer habilidade para entender, aprender e aceitar sem questionar. E os sinais da vida são lampejos para nos alertar de que algo deverá ser revisto, analisado e se preciso for descartado. Portanto, estejamos atentos a tudo aquilo que a vida coloca no nosso caminho. Assim, podemos nos valorizar sem deixar que o outro nos machuque.

 

Rita Padoin