quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sejais...Rita Padoin

Sejais como o outono
Apesar do amarelar das folhas das árvores
E a queda da temperatura
A luz do poente se iguala a sua cor
E o crepúsculo como uma benção despede-se

Os ipês adormecem sobre as mãos
Da sombra do outono que acaricia seu dorso
Entre os pinheiros que balançam
Com o cantar dos ventos sul
Entre as colinas por detrás das montanhas

Sejais como o inverno
Apesar das névoas tristes
O vento frio agitar as folhas
Os pássaros com sua orquestra
Gorjeiam com sua sinfonia

A anciã cobre seu rosto escondendo
A idade avançada que através das rugas
Mostram a sua longa caminhada
Por entre os vales alvos e distantes
Que o inverno cobriu-o intensamente

Sejais como a primavera
Que em tempo de intempéries
As flores não deixam de florir
E seu balsamo perfumar e Inspirar
Os olhares apreciadores dos enamorados.

Sejais como o verão
Mesmo o sol aparecendo em demasia e
As árvores permanecendo imóveis
O sorriso das crianças quebra
O candente do verão que reina no momento

O mar não dorme enquanto passa as estações
Permanece vigilante enquanto o navio
Cruza as linhas do horizonte
A noite se encolhe de frio
E o vento ruge deixando as águas serenas...

domingo, 8 de abril de 2012

Espelho...Rita Padoin

Mergulhei no sono eterno da alma
Vi-me refletida no espelho moldurado
Em madeira entalhada ao molde europeu
Pendurado na parede branca e fria
Analisei o espelho e eu
De pé na sua frente procurei
Respostas para as perguntas
Que eu mesma formulei
Meu rosto empalideceu
Moldado pelo efêmero modelo
Que me fizeram usar
Arranquei-o junto com toda tristeza e pranto
No chão espatifou-se a máscara fria
Vi meu rosto no chão em vários pedaços
Olhei-me no espelho novamente
Eu estava lá diante dele
Só a máscara caiu...

Creed - Torn

quinta-feira, 5 de abril de 2012

ÁGUA DE CACHOEIRA

A água lava o corpo, a água lava a pedra
Verte em súplica a cachoeira
Limpando as impurezas da alma
Em deleite o corpo entrega-se

O vento contempla o destino da água
Que desce verticalmente
Encortinando os segredos escondidos
No seio da mãe natureza

A cachoeira tem o mistério que não sei revelar
Só sei que verte água para lavar, água para benzer
O corpo que está deitado, o corpo que é injustiçado
A cachoeira lava o pecado derramado...


Rita Padoin