Se eu pudesse decidir, deixaria tantas coisas para
trás! Tantas coisas! Coisas que ficaram inacabadas. Coisas começadas e que por
alguma razão não mais me interessam. Coisas que me abalaram e me deixaram fora
do eixo. Coisas que para a vida são tão óbvias e necessárias e para mim, vejo
que não. Sei que as coisas que acontecem são para o meu crescimento, mas
deveriam ser mais leves certos fardos. Até porque muitos deles no final de
tudo, eu acho desnecessários. Analiso de várias formas e vejo que poderia ter
sido totalmente diferente. Que não precisaríamos ter passado, ou vivido tudo
aquilo. Poderia ter passado despercebidos, que não ia fazer nenhuma diferença.
Eu gostaria de decidir simplesmente. Que nada me
afligiria depois desta decisão. Porém, não é assim. Tudo é imposto pelas Leis,
ou naturais ou dos homens. Se eu pudesse decidir, deixaria para trás os
sentimentos. Qualquer um deles. Estes, tem o poder de ferir até a alma se não
soubermos entendê-los. O do amor então? Este, difícil de entender e de
compreender. Ele se confunde com o da paixão e aí dá uma mistura de confusão
mental.
Quantas coisas eu deixaria pelo caminho se eu pudesse,
muitas. Se eu tivesse o poder de decidir, decidiria tudo diferente. Afinal, só
eu sei o que seria melhor. Tem coisas que são necessárias passar eu sei. Também
sei que só nos tropeços que evoluímos. Sei de tantas coisas! De várias na
verdade, mas muitas delas eu deixaria para trás. Até porque muitas vezes estou
num patamar além e recebo esta bagagem que acaba me derrubando e me
amargurando.
Sei que posso decidir muitas coisas, sei também que
não existe nada se opondo a isto, mas o medo impõe. O medo é ardido. Ele está
sempre nos acompanhando e como não nos damos conta de muitas coisas, sofremos.
De burros é claro. Porque poderíamos sim observar os sinais. Ficar atentos aos
fatos. Estar ligados ao que se passa ao nosso redor. Analisar friamente e
depois decidir com a cabeça fria. Mas, não. Vivemos com a cabeça no mundo da
lua como se nada estivesse acontecendo ao nosso redor, mas está. Tudo está se
modificando, metamorfoseando constantemente.
Afinal, como queremos ser diferentes e decidir se não
nos damos conta de que tudo isto é uma loucura total. Um enorme vazio. Uma onda
gigantesca. Onde estamos vivendo e somos tão passageiros como o tempo, as
quatro estações e o pensamento. Pois é, se quisermos ter o poder de decisão,
primeiramente temos que ter o poder de entender, avaliar e analisar toda a
conjuntura imposta pelo Universo. É como um livro exposto invisivelmente, para
que estudemos atentamente e nos formemos como bons alunos que somos.
Autora: Rita Padoin