segunda-feira, 16 de novembro de 2015

HOUVE UM TEMPO

Houve um tempo em que eu abria a minha janela e tudo era colorido
Hoje, ao lado da minha sacada, apenas um vaso vazio.
As flores secaram e eu nem percebi.
Restaram apenas as suas raízes mortas
Tão mortas quanto o momento presente.
Na rua o que me parecia óbvio
A solidão falava uma linguagem desconhecida.

Olho da sacada as pessoas passando
E nada me diz de concreto.
Os carros passam a uma velocidade que mal posso vê-los,
Os passarinhos cantam enfileirados no fio como se fosse um coro
O canto preenche o vazio do momento e o silêncio apenas observa.

Os jardins estão sem vida
As flores se recolheram.
Talvez, porque é outono.
Tempo de recolhimento
Talvez, eu também esteja em recolhimento.

Já abri a porta outras vezes e da sacada as flores sorriam para mim
O vaso que estava vazio, já floresceu.
Era tempo de floração
Era primavera.
Estou feliz em saber que tudo é do jeito que precisa ser
Que a vida é um pulsar de energias vibratórias
Que as primaveras vêm, e se vão.

Que nada será diferente do que tem que ser.

Rita Padoin

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