Quero deixar aqui a minha homenagem em especial ao Poeta MARIO QUINTANA. Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida.
Solitário, viveu grande parte da vida em hotéis: de 1968 a 1980, residiu no Hotel Majestic, Porto Alegre, de onde foi despejado quando o jornal Correio ......do Povo encerrou suas atividades e Quintana, sem salário, deixou de pagar o aluguel do quarto.
O comentarista esportivo e ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão cedeu a ele um dos quartos do Hotel Royal, de sua propriedade.
A uma amiga que achou pequeno o quarto, Quintana disse: "Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas".
Por isso a minha homenagem...me emociono sempre quando leio sobre a vida dele.
DEDICATÓRIA, Mário Quintana
Quem foi que disse que eu escrevo para as elites?
Quem foi que disse que eu escrevo para o bas-fond?
Eu escrevo para a Maria de Todo o Dia.
Eu escrevo para o João Cara de Pão.
Para você, que está com este jornal na mão...
E de súbito descobre que a única novidade é a poesia,
O resto não passa de crônica policial – social – política.
E os jornais sempre proclamam que “a situação é crítica”!
Mas eu escrevo é para o João e a Maria.
Que quase sempre estão em situação crítica!
E por isso as minhas palavras são quotidianas como o pão nosso de cada dia.
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão.
In A cor do invisível, Globo, 1989, p. 26.
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