Num tempo não muito distante
a minha vida tinha tomado um outro rumo. Uma outra direção. Uma direção oposta
do que eu tinha planejado. Fiquei presa. Presa a correntes tão fortes que não
conseguia me mexer. Não conseguia dar um passo além. Não conseguia viver do
jeito que eu imaginava. Tinha planos e não podia pô-los em prática. Tinha tantas
coisas para fazer! Como eu tinha! Mas, meus braços estavam amarrados. Eu estava
sem forças. Por que meu Deus? Por que? O que eu fiz para ter que ficar aqui? Questionava-me
diariamente. Fazia perguntas e queria respostas. Não conseguia obtê-las e isto
me deixava arrasada.
Do jeito que a minha vida
estava, se eu quisesse chorar, não podia, tinha que sufocar o choro. Se eu
quisesse ficar só, não conseguia. Se eu quisesse ficar quietinha no meu canto
não tinha como, porque nem quarto eu tinha mais para me trancar e soluçar até não
aguentar mais. Minha vida tinha sido invadida. Até meu espírito estava
acorrentado. Não conseguia me livrar das correntes. Ele estava sangrando.
Doente. Calado. Estava tão triste que eu tinha até pena dele.
Um dia tudo isto se acabará. Tudo
terá um fim. Tudo tem. Por que a minha não teria? Até porque temos uma cruz para
carregar. Um ciclo para fechar. Uma história para terminar. São as lutas de um
tempo que já havíamos determinado e que precisamos dar o enfoque necessário. Só
assim, teremos paz. A paz que nos levará ao auge na nova felicidade.
Rita Padoin