terça-feira, 5 de setembro de 2017

MEDO

Se tenho medo? Sim. Muito medo. Medo de sentir o que estou sentindo. Medo de ir além do que estou habituada. Medo de tomar decisões que me tiram da zona de conforto e que poderão acabar me machucando. Medo do que a vida me reserva. Ridículo isso? Sim. Muito. Sei de tudo isto. Mas, as vezes parece que esqueço. Aí me perguntam: E como estás habituada? De que zona de conforto estás falando? Não saberia responder. Dentro de mim, eu sei o que estou sentindo, agora descrever, é muito difícil. São sentimentos internos, íntimos, secretos, misteriosos, que acabo cultivando e não tem como não sentir. E o medo, é um deles. Não o alimento e sinto a sua presença constantemente, bem naquele momento em que preciso tomar uma decisão, ele chega de mansinho e bate no meu ombro.
Aí penso: puxa vida, e agora? Ele está bem atrás de mim esperando uma reação. Faço o quê? Qual decisão devo tomar? Qual caminho devo seguir? O que está me esperando lá fora? Quanta interrogação, não é verdade? Pois é, a vida é assim, cheia de mistérios, dúvidas, indecisões e muitas interrogações. O que seria desta vida sem estes pormenores? Com certeza sem graça. E como seres humanos que somos, tenho certeza absoluta que estaríamos aqui reclamando que a vida é morna, insonsa, sem glamour nenhum. Por que isto? Por uma série de circunstâncias que criamos e nos adaptamos conforme a nossa necessidade.
E a vida se apresenta muito diferente daquilo que imaginamos. Acabamos percebendo que aquele cavalo branco, não existe. Aquele príncipe encantado, só nos livros de contos de fadas. Aqueles inúmeros sonhos que imaginávamos que iriamos encontrar logo ali, não o encontramos. Nos deparamos apenas com os tropeços e as lutas. Se quisermos alcançá-los, teremos que vencer aqueles obstáculos que nem imaginávamos que existiam. Pois é, não nos informaram que a vida seria assim. Cheia de bifurcações, tropeços e lutas. Que cair, faz parte. Os tropeços, necessários. As lutas, servirão para o nosso crescimento e a nossa evolução como seres humanos que somos.
Por isto que o medo se instala. Por não sabermos lidar com a situação. Por não sabermos que a vida é apenas um jogo e este jogo poderá se tornar perigoso demais se não soubermos entendê-lo. Que o medo é apenas ilusão. Um estado afetivo suscitado pela consciência e nos sentimos fracos perante ele por não sabermos decifrá-lo.

Com o tempo, tudo se resolve. Crescemos e vamos percebendo que tudo depende apenas de nós. O que sentimos é ilusão da nossa vontade e que com o tempo ela desaparece, ficando apenas o real.
Rita Padoin