segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Olhos Mar

Um dia, em pleno verão,

Encontrei um par de olhos

Que atravessaram minha alma.

Aqueles inesquecíveis olhos mar

Encontraram-se com os meus 

E naquele momento, tudo ficou nítido.

Não precisou de explicações

Ou de estudos para entender

O que estava escrito ali

Ninguém percebeu, apenas nós dois

E a noite como testemunha.

Não tinha nem uma brisa para reter o calor

Que emanava de nossos corpos.

Nem a lua como testemunha,

Apenas algumas estrelas naquele céu negro

E nós dois com a uma distância remota.

 

Rita Padoin

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Desejos Embalados

Tuas decisões estão a flor da pele

Teus desejos embalados por uma sacola

Medos e vontades aliados na mesma sintonia

Quantos desejos vão e vem!

Vê, ainda temos um caminho a seguir

Uma vida pela frente

O destino nos reservou esse enredo

Sê alguém com coragem

Vamos enfrentar esse medo juntos

Não adianta protelar

É o amor que nos chama.

 

Rita Padoin






segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Minhas Necessidades

Tenho tentado suprir minhas necessidades de uma forma que meus pensamentos se voltem para um lado que não tenha nenhum entrave. Tento entender os porquês e as razões de certas coisas virem repentinamente em forma de visão. São visões claras que deixam transparecer que os acontecimentos são verídicos. Que o outro lado da história também vive o momento. Também sente a mesma energia, a mesma conexão. Também estende a mão para se agarrar neste algo inesperado. Algo que não conseguimos entender, mas sabemos que está acontecendo.

 

Eu entendo algumas coisas. Outras ficam no ar. Eu sei que tentar entender todo esse processo, é o mesmo que querer pegar com as mãos, mas, sei que é algo intangível. Por assim ser, me deixa com aquela sensação de fracasso. Sei que não é fracasso, só que a sensação, é. Sendo assim, monto e desmonto o cenário. Crio imagens relacionadas para tentar encontrar uma razão. Tentar entender o que a vida está me dizendo ou tentando me dizer. Atenta aos sinais, procuro aceitar de forma amena tudo o que a vida coloca no meu caminho. Só o tempo fará com que eu entenda e aceite 100% tudo o que a vida traz no meu caminho.

 

Rita Padoin


 

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

As Estações

Ele se foi com o início do outono

E voltará na primavera.

As estações servem para isto

Para relembrar de que a vida é cíclica

Pois entre a vida e a morte

Há um intervalo que pulsa ferozmente

E neste intervalo estamos vivendo

Gestos e emoções

Saudades e ilusões

Entre as forças do além

E a nossa de viver intensamente

Equilibramos as nossas utopias. 

 

Rita Padoin






quarta-feira, 20 de agosto de 2025

A Voz interna

          Há dentro de mim uma voz que me chama sem cessar. Essa voz tem o poder de me tirar do eixo e me deixar fora de mim. Tento me conectar com ela e entender o que está acontecendo. Tento reorganizar minha vida. Tento interiorizar tudo que me atormenta. Tento eleger um guia para me ajudar a caminhar sem me perder no meio do caminho, tentar entender essa voz e negociar. Sentar em um lugar tranquilo e perguntar o que ela quer comigo.


Esta pressão é uma loucura. São tantas provocações. Tantas buscas para entender todo o processo. Sei que algo está confuso, mas é difícil olhar para dentro de mim. Quero ser alguém sem fantasmas. Ser alguém menos complexo. Ter o poder de comandar minha vida sem que essa voz interfira.


          As idas e vindas são um mistério. Todos os dias tem novidades. Tem algo que pressiona minha cabeça de uma maneira que penso que a morte chegou para me buscar. Quero muito entender esse emaranhado que mais parecem fios e mais fios, tipo aqueles que vemos nos postes de ruas. Olhamos, e não conseguimos entender como funcionam.


Todos os dias, antes de entrar em casa, eu deixo para trás tudo o que pesa. Tiro os calçados, as roupas e me banho de paz e harmonia. Depois do banho, visto roupas mais leves e com os pés descalços caminho pelo jardim. Observo os verdes vales naturais formado entre as montanhas e me delicio com tanta beleza. Ao me deparar com tudo isto, fico mais calma. Parece-me que a voz se vai ou cansou de mim. Só com a mente vazia que consigo me libertar e seguir em frente.


Quando me entrego de alma e espirito, limpo a mente e consigo fazer a voz se calar. Essa voz sai de dentro de mim e me sinto leve. Consigo enxergar além da carne. Consigo entender muitas coisas e caminhar pelos verdes vales apenas sentindo o aroma do fim de tarde.

 

Rita Padoin

Escritora

sábado, 16 de agosto de 2025

Tapiz Gracioso

Rumoreja entre os prados e alamedas

A aragem de um fim de tarde calmo

E sobre o tapiz gracioso, o luar se estende

Como um lençol que sacoleja sobre o vento.

 

Folhas preguiçosamente caem e flutuam

Durante a estação mais pálida do ano

Antes de se acomodarem no chão

Forrando o caminho como se fosse pintura.

 

A palma da mão segura um segredo

Com medo de a verdade ser revelada

E os negros olhos do além cravejam

Nos ambarados selvagens da cria.

 

Nas ruas desertas e frias de inverno

Correm disparados os ponteiros do relógio

Fazendo o tempo não entender seu papel

Nesta caminhada entre as horas, os dias e os anos.

 

E os olhares alheios não percebem

Que nada mais será a mesma coisa

Tudo é metaforicamente entendido

Como uma poética entre o agora e o fim.

 

Rita Padoin




quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Manifestações

        Tentei me conter várias vezes. Como eu tentei! Tentei não pensar. Como tentei! Tentei deixar para trás tudo o que me deixava ansiosa, mas não adiantou. Eu não consegui. Sempre foi mais forte do que eu. Sempre continuou ali, me cutucando, me perseguindo como se fosse um stalker. Vem, se aloja, me observa, me persegue e me deixa sem ação. Não consigo raciocinar com essas manifestações rondando minha mente. É algo que me consome por dentro e me corrói como se fosse um ácido a me devorar viva. Sei que são apenas aparições. Nada é real, tudo é ilusório, mas é como se fosse vivo. Fecho meus olhos e está ali, parado me olhando com aqueles olhos mar ou sorrindo e com aquele sorriso alvo.

É tão forte que consegue me deixar sem forças para lutar. Sem forças para seguir adiante. Sem forças para dizer alguma coisa. São braços invisíveis que me envolvem e me pressionam. É invisível, mas tem um poder incalculável. Sinto-me desfalecer entre esses braços fortes. Entre as horas e o calar da noite tudo vem mais nítido e mais forte. Nada é real eu sei, mas as sensações são. O corpo sente. A cabeça sente. A carne sente e tudo se aquece. Nada acontece real. Naqueles momentos, tudo se intensifica. Vai ficando tão nítido que me confunde. E essa confusão mental acaba me distraindo do real.

Só que ao me deparar com essas manifestações, vou entendendo as razões, os porquês e tendo a nítida impressão de que é mútuo. Estas aparições é a conexão. Uma ligação entre o que está acontecendo do lado de lá, refletindo no lado de cá. Com esta descoberta, me sinto mais leve, pois sei que não é meu. É o encontro de almas perdidas em algum momento e que voltarão a se encontrar logo. 

Rita Padoin